sexta-feira, outubro 12, 2007

O Bairro III



Um estranho bairro





Um dia, ia eu visitar a minha prima, passei por um bairro em que tudo era estranho, começando pelas casas, pois cada uma tinha o nome do seu proprietário na porta.
Quando ia a descer a rua, vi que a casa do senhor Brecht estava com as portas abertas. Tive curiosidade de saber o que ele estava a fazer. Entrei e na sala lá estava ele, sentado numa cadeira, com umas vinte pessoas à sua volta. Parou de falar e convidou-me a entrar e a sentar-me à frente dele. Eu assim fiz. Ele estava a contar histórias que me faziam rir, mas ao mesmo tempo despertavam em mim sentimentos de tristeza.
No final, olhei para trás para me ir embora e dei-me conta que, por magia ou não, a sala estava cheia de gente. Mas lá consegui sair no meio daquela confusão toda.
Chegando à rua encontrei à frente da sua casa o senhor mais indeciso que eu poderia imaginar, o senhor Valery. Avancei uns passos e ouvi o senhor Walser, irritado com a confusão das obras em casa dele, a gritar que não era assim e que nunca mais compraria uma casa nova. Na verdade ouvia-se uma grande barulheira vinda da casa dele.
Uma coisa era certa: naquele bairro nada era normal. E, no meio das histórias do senhor Brecht, das indecisões do senhor Valery e dos barulhos e dos gritos que vinham da casa do senhor Walser, não consegui encontrar a casa da minha prima, porque, afinal de contas, ela nem morava naquele bairro…

Rafaela Dinis, 9º A


A Solução

Hoje decidi ir passear com a minha tia até ao Bairro, pois estávamos fartas de estar em casa e, como ela é corcunda, faz-lhe bem caminhar.
De tanto andar… já andávamos com fome, foi então que desatámos a correr para o café que estava ali parado, que por acaso pertencia a um amigo dos meus avós, ao Sr. Elliot. Ao sairmos, deparámo-nos com o Sr. Voltaire. Os olhos dele ficaram muito sérios a olhar para a minha tia, mais precisamente para as costas dela e começou logo a dizer que arranjaria uma solução.
O Sr. Voltaire fê-la andar com um baraço atado da cabeça aos pés, só que isso não deu resultado, muito pelo contrário. Numa nova tentativa, decidiu andarem os dois presos pelos braços, de costas voltadas um para o outro, só que isso metia-lhes impressão, pois, assim apegados, não eram livres, nem podiam ir onde queriam…
Desistimos e fomos para casa dormir, porque já estávamos cansadas, com dores de cabeça e a minha tia com as costas dormentes. Enquanto nós dormíamos, o Sr. Voltaire pensava toda a noite numa solução. Foi então que lhe veio uma ideia brilhante à cabeça. De manhãzinha, fomos passear novamente até ao Bairro e o Sr. Voltaire apareceu todo entusiasmado, a sorrir e a gritar:
- Consegui, consegui!!!
Então, deu uma mochila à minha tia, cheia de tijolos, e disse que com o tempo as costas voltariam ao sítio. E acrescentou:
– Não tenha vergonha de andar com a mochila. É uma coisa perfeitamente normal!
A partir daquele dia, o Sr. “Doutor” Voltaire passou a acompanhar todo o “tratamento”. A solução é estranha, mas foi bem conseguida: a minha tia continua a queixar-se de dores nas costas, mas agora anda direita…

Mónica Machado, 9º A

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