sexta-feira, janeiro 25, 2008

A Princesa que queria ser Rei

A história da princesa cavalona, depois de lida numa aula de Formação Cívica do 9º A, a propósito das construções sociais de género (reflexão decorrente do tema da sexualidade, que estão a trabalhar em Área de Projecto), transitou depois, naturalmente, para o clube LerArtes, porque alunos e professora se apaixonaram definitivamente por este livro e quiseram partilhá-lo com os outros.
Os alunos que estão a preparar a leitura encenada d' A Princesa que queria ser Rei - a Isa, a Liliana, a Marisa, a Mónica e o Tiago - fazem a sua própria leitura desta história: a Liliana, a "narradora de serviço", admira o carácter determinado da princesa; a Isa acha-a um bocadinho mandona, mas gosta de bater o pé como ela; o Tiago adora fazer de pai indignado, não deixando, porém, de reconhecer, como o rei que interpreta, que tem uma "filha" fascinante (mesmo quando ela é um bocadinho bruta e o "ataca", como o testemunha a foto da direita); a Marisa quer ser uma rainha inflexível, mas é apenas uma resmungona à espera de se render aos encantos especiais da filha rebelde; a Mónica gosta de princesas-mulheres assim fortes e combativas.
Deixamos aqui dois excertos para perceberem a nossa admiração por esta personagem invulgar de Sara Monteiro, que desmonta alguns preconceitos e estereótipos sociais:
"«Minha filha», suspirou o rei, preocupado porque adorava aquela filha, a única que tinha, uma rapariga tão especial que nunca tinha encontrado outra, nem quando bebé, nem enquanto criança, nem agora, adolescente. Olhava-a e tremia de admiração e susto por ela. Não é como as meninas - fossem elas princesas ou não - costumam ser. Pelo menos não como estava habituado a ver as mulheres. A rainha era da mesma opinião. E era até mais por ela que o rei achava a sua filha pouco feminina. Porque, na verdade, quando o rei a olhava, ficava, como toda a gente, fascinado pelo seu aspecto físico. Quem a olhava dificilmente podia deixar de olhar. A rainha, que também sofria do mesmo fascínio, pensava que era por ela ser feia; e toda a gente pensava o mesmo, Na realidade, era o contrário. Não podiam deixar de olhá-las porque era demasiado bonita. De uma beleza única, primitiva, ligada à natureza, muito mais feminina do que qualquer outra rapariga."
(...)
"Era orgulhosa, pensava o pai, o que não é lá muito feminino. Ou seria? Às vezes surpeendia-se pensando nas suas imensas qualidades e assombrava-se por aquele ser tão peculiar ser sua filha. Ele, que era rei, não era nada de especial comparado com ela. Mesmo que as qualidades fossem defeitos, eram defeitos incomparáveis que pareciam qualidades. A rainha punha tudo no seu devido lugar: «Qualidades fora do seu sexo são defeitos e ponto final.
«Mas…», dizia o rei, «e se as qualidades não fossem de nenhum sexo?... Se pertencessem a todos?»”

1 comentário:

Liliana disse...

Olá,

Sem dúvida que este livro é bastante apaixonante... adorei fazer a sua leitura encenada e quando mais o tempo passa mais saudades tenho de representar, de estarmos todos juntos nos ensaios do Clube LerArtes na Biblioteca da escola...
Bons velhos tempos...

queria pedir um favor à professora Inês de Castro, é só mais um...
se me pudesse enviar para o meu e-mail as fotos dos vários teatros que fizemos (se ainda as tem...!!!) para de certo modo poder matar saudades do Clube LerArtes... e, antecipadamente agradeço, Muito obrigada

Muitos beijinhos, carregadinhos de saudades...

Liliana